Menos passos. Mais matrículas
Em setembro, os pais já sabem qual escola preferem. O risco não está em perder pelo discurso, mas pela burocracia: passos demais, mensagens desencontradas e demora no retorno. O segredo para fechar é simples — clareza no que falta, facilidade no envio e consistência na comunicação. No fim, a matrícula não se perde pelo argumento, mas pelo atrito.
Metade de setembro. A maioria das famílias que ainda conversa com a escola já tem uma preferência. O que falta, quase sempre, é o trecho curto entre o “gostei” e o “vamos em frente”. É nesse pedaço que muita matrícula escapa — não por falta de discurso, mas por excesso de passo, de espera, de dúvida mal resolvida. A decisão amadurece; quem mata é a fricção.
O roteiro é conhecido. A escola impressiona na visita, explica método, mostra rotina, acalma a cabeça dos pais. A conversa volta para o WhatsApp e, de repente, tudo desacelera: pedem um e-mail “formal” com os dados, depois um outro com documentos “escaneados”, depois uma passada rápida na secretaria “só para confirmar”, depois uma informação de pagamento que muda conforme quem atende. A família já decidiu; nós é que desmontamos o caminho. O que era impulso vira tarefa. O que era simples vira labirinto.
Em setembro, o trabalho não é convencer mais. É remover obstáculos. Linguagem direta, passos visíveis, datas curtas. Uma mensagem que consolida o que falta, com prazos e como enviar — sem trocar de canal toda hora, sem empurrar o pai para um formulário que ninguém acompanha. “Faltam RG do responsável e comprovante de residência. Pode responder aqui com as fotos. Assim que chegar, agendamos a ambientação para quarta, 8h20. Confirma?” É isso. Sem PDF genérico, sem “veja com a coordenação”, sem prometer retorno e esquecer. A escola precisa manter o fio, não reinventá-lo a cada resposta.
O atrito também mora na divergência interna. O que a secretaria promete, a coordenação precisa sustentar. O que a coordenação explica, a comunicação precisa registrar. Se cada setor fala uma língua, o responsável volta a comparar escolas. Não por preço, por confusão. Matricular é um gesto de confiança; confiança não sobrevive a mensagens desencontradas.
Preço, aqui, entra do jeito certo: amarrado ao porquê, não jogado na frente como leilão. Quando a família já viu a aula, entendeu a rotina, conversou com a coordenação, o valor faz sentido. O que mata o fechamento não é a cifra — é a sensação de que, depois de tudo, ainda faltam três idas, dois e-mails e mais uma cópia autenticada para “finalizar”. A burocracia precisa caber na mão, não na semana.
Se é para escolher um critério de execução para agora, escolha este: o que eu posso simplificar hoje para que uma família finalize sem tropeçar? Centralize o passo a passo em um único lugar. Diga o que falta, como enviar, para quando e com quem falar se travar. Registre a conversa para retomar com contexto — não reabrir do zero. E marque a primeira experiência de pertencimento (ambientação, conversa com a professora, apresentação à turma) junto com a entrega de documentos. Quando a próxima etapa já tem data, a matrícula acontece por inércia a favor, não contra.
No fim, setembro não premia quem fala mais bonito. Premia quem reduz atrito até o “sim” caber em uma mensagem clara. A escola fez o difícil — mostrar valor, ganhar confiança, virar preferência. O que vem agora é cirurgia de processo. Matrícula não morre no argumento. Morre no atrito.
Um abraço,