Agosto começa a cobrar quem joga no escuro
Sem meta escrita, a captação vira torcida. Muitas escolas falam em crescer, mas ignoram os números básicos: quantos alunos precisam entrar, quantas visitas gerar, qual taxa de conversão alcançar. Sem esse mapa, todo desvio vira surpresa e surpresa em setembro não tem conserto barato. Projeção não é pessimismo, é estratégia. Escrever a meta é o que transforma “vamos correr atrás” em plano real. Torcer custa mais caro que planejar.
Sem meta escrita, “otimismo” vira ficção.
Direção reuniu todo mundo em fevereiro, falou de crescimento, citou uma quantidade de vagas extra, mas ninguém abriu a planilha desde então. Julho acaba, agosto chega, e a conversa se repete: “Vamos correr atrás.” Correr atrás de quê? De quantas? Em quantas semanas? Com qual taxa de conversão? Silêncio. Mais perigoso que operação queimando é desconhecimento de quantos alunos para parar de sangrar.
Projeção não é chute revestido de boa vontade; é contas simples:
- quantos alunos querem sair (rematrícula ainda ligada no “talvez”);
- quantas famílias já visitaram (e estão a meio passo de decidir);
- quantas visitas novas o funil — desculpe, o “caderno de contatos” — precisa gerar por semana para fechar o buraco.
Quem não escreve o número exato depende de vento a favor.E vento a favor, em 2025, chama-se concorrência trabalhando profissionalmente enquanto a escola reza para o boca a boca.
Julho foi a última chance de estressar a planilha sem pais olhando. Agora vem o termômetro real: cada semana sem avanço iguala planejamento a loteria. “Mas crescemos no ano passado mesmo sem projeção.” Exceção comemorada como regra alimenta autossabotagem (perdi as contas do quanto já vi isso! É frustrante).
O cálculo dói, mas dói cedo: faltam 37 matrículas, precisamos de 74 visitas, agenda deve gerar 18 por semana, cada colaborador sabe quantas confirmam por dia. Quando o mapa é explícito, cada ponto fora da curva acende alarme; quando não é, todo tropeço vira surpresa. E surpresa, em setembro, não tem conserto barato.
Há quem diga que previsão paralisa porque revela a crueza dos números. A realidade: previsão dá tração porque aponta onde atacar antes da crise parecer destino. A planilha é dura, mas é justa; mostra o buraco enquanto ainda cabe ponte.
Agosto não corrige projeção malfeita de julho.Ele apenas apresenta a conta.
Contar visita não é pessimismo; é estratégia. Torcer é que sai caro.
Um abraço,